As dificuldades que o ensino público brasileiro tem enfrentado não se limitam apenas à falta de recursos e investimentos governamentais. O maior desafio hoje, da educação pública é conscientizar os estudantes do seu papel social, fazê-los terem perspectivas de um futuro melhor e compreender a importância da educação, enquanto instrumento catalizador das transformações sociais.
Segundo a estudante Edilene de Jesus, após ter se formado, permaneceu durante 14 anos sem perspectiva de entrar em uma faculdade, pois se sentia insegura por não ter aprendido o suficiente durante o ensino médio. “Eu tinha muito medo de entrar na faculdade e não conseguir acompanhar os assuntos dados em sala. Os professores sempre falam: esse assunto vocês já sabem, provavelmente já viu no ensino médio. Meus colegas por já terem estudado em escolas particulares, aprendem com facilidade, enquanto eu sinto muito dificuldade”, revelou.
A estudante de educação física declarou ainda que não é apenas a manifestação pelo direito à educação que o estado tem a obrigação de oferecer, mas a exigência que essa educação seja de qualidade para que possa construir um âmbito mais igualitário, pois até o momento em que pobre e negro tiver uma educação inferior a de branco e rico, sempre existirá a desigualdade.
“Eu vejo que a educação pública não tem conseguido cumprir com o seu papel de formar indivíduo protagonistas sócias. Uma boa educação vai muito além de juntar palavras e aprender a escrever seu próprio nome“, completou a estudante.
De acordo com o levantamento apresentado pelo Ministério da Educação (MEC), por meio do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), cerca de 70% dos estudantes que concluíram o ensino médio no país apresentaram resultados considerados insuficientes em matemática, e nem aprenderam o básico em português.
O cenário da educação apresenta dados preocupantes. Infográfico elaborado pelo Portal de notícia G1 Foto:Reprodução/Google
A estudante Luine Kelly, declarou que a falta de prioridade com o ensino público, e até mesmo com os professores tem afetado diretamente na sua formação. “Estamos tendo que seguir o ano letivo sem professor de matemática. O colégio aplica a prova, mas como iremos fazer uma coisa que não aprendemos em sala. Essa situação tem ficado cada vez mais preocupante”, revelou.
Estudante Luine Kelly Foto: Regiane Santos
A estudante afirma não ver os professores como os culpados dessa situação, mas acredita que eles precisam ser mais valorizados em sala de aula e pelo poder público, já que entre 35 países, o Brasil ficou em 35º como o país que menos valoriza os professores, segundo dados divulgados pelo site O GLOBO.
Enquanto isso, um levantamento feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (ODCE), mostra números ainda mais desanimadores. Uma pesquisa entre 76 países, o Brasil ficou em 60º lugar no ranking mundial da educação, isso mostra que o país tá muito longe de ser considerado uma nação que oferece educação de qualidade para os estudantes. Para liderar a pesquisa, o Brasil vai precisar investir ainda muito.
Por: Regiane Santos