Cerca de 80% das pessoas que procuram tratamento para dores no ombro têm mais de 50 anos. Entre os problemas mais comuns estão a tendinite, bursite e rupturas do manguito rotador, que é um conjunto de músculos e tendões responsáveis por estabilizar a articulação do ombro e permitir movimentos como levantar e girar o braço. Pesquisas apontam que aproximadamente 20% dos adultos enfrentam dificuldades com o manguito rotador ao longo da vida, apresentando sintomas como dor, fraqueza e dificuldade para levantar o braço ou realizar movimentos acima da cabeça. A boa notícia é que mais de 90% dos casos podem ser resolvidos sem a necessidade de cirurgia, por meio de tratamentos que variam de fisioterapia e acupuntura a técnicas mais avançadas, como ondas de choque, infiltrações com corticosteroides ou ácido hialurônico, e mesoterapia. A cirurgia só é indicada quando essas abordagens não surtem efeito, geralmente utilizando métodos minimamente invasivos.
A terapia por ondas de choque é um tratamento não invasivo que emprega ondas acústicas de alta energia para estimular a regeneração dos tecidos, sendo especialmente eficaz em condições como tendinite e bursite. Já a infiltração com corticosteroides, aplicada por injeção nas articulações ou tecidos ao redor, é usada para aliviar dores e inflamações associadas a tendinite, bursite, artrite, entre outras lesões inflamatórias. Contudo, o uso prolongado de corticosteroides pode gerar efeitos adversos, como enfraquecimento dos tendões, risco aumentado de sangramento intestinal, elevação da pressão intraocular e dos níveis de glicose, além de osteoporose. Por isso, seu uso é evitado em idosos, diabéticos e portadores de glaucoma.
O ortopedista especialista em ombro e cotovelo, Gyoguevara Patriota, explica que o tratamento com ácido hialurônico envolve injeções na articulação que lubrificam, reduzem a dor e melhoram a mobilidade, sendo indicado principalmente para osteoartrite e outras condições degenerativas, com efeito que dura de seis a 12 meses. Um exemplo de sucesso é o caso do aposentado Antonio Haruo, de 77 anos, que começou a sentir dores no ombro direito há quatro anos e, após sessões de fisioterapia, experimentou uma melhora significativa com a infiltração de ácido hialurônico feita em agosto deste ano. “Desde então, não sinto mais dor e voltei a realizar minhas atividades normalmente”, comemorou.
O engenheiro químico Nelson Gonzalez Lopes, de 61 anos, também encontrou alívio com esse tipo de tratamento para artrose nos ombros. Após praticar artes marciais por muitos anos, ele começou a sentir dores nos ombros quando interrompeu os treinos, cerca de cinco anos atrás. Inicialmente, tentou fisioterapia, mas em julho de 2022 passou por uma videoartroscopia no ombro esquerdo. Entretanto, as dores retornaram e, ao buscar uma segunda opinião com o Dr. Patriota, optou por tratamentos não cirúrgicos. Em 2023, ele realizou uma infiltração no ombro esquerdo e, recentemente, em agosto de 2024, fez novas infiltrações em ambos os ombros. “Me sinto muito melhor e, se precisar de outra infiltração, farei sem hesitar, pois é muito melhor do que passar por uma nova cirurgia”, afirmou.
Outro tratamento conservador indicado para dores nos ombros é a mesoterapia, que consiste na aplicação de medicamentos diluídos diretamente na área afetada, utilizando pequenas agulhas para reduzir a dor e inflamação, além de tratar pontos de tensão. Entre as terapias mais recentes, ainda em fase experimental, estão os tratamentos biológicos com PRP (plasma rico em plaquetas) e células-tronco, que aceleram a recuperação de lesões.
De acordo com o Dr. Gyoguevara Patriota, quando os tratamentos conservadores não são eficazes, a artroscopia é a cirurgia mais indicada. O procedimento, minimamente invasivo, usa uma câmera (artroscópio) e instrumentos especiais inseridos por pequenas incisões para visualizar e tratar lesões no manguito rotador, permitindo uma recuperação mais rápida e menos dor pós-operatória em comparação com cirurgias abertas. “O objetivo final, seja com métodos ambulatoriais ou cirúrgicos, é aliviar ou reduzir as dores no ombro e melhorar a qualidade de vida do paciente”, concluiu o especialista.