Estamos vivendo o período das dietas, corridas para academias e cirurgias plásticas. As cobranças para essas atitudes são muitas: chegou o verão, fartura nas festas de fim de ano, carnaval, entre outros. Mas a busca pelo corpo perfeito é para satisfazer a nós mesmo ou às outras pessoas?
De acordo com a psicóloga Niliane Brito, esta autocobrança incessante pelo corpo perfeito, pode gerar consequências sérias e contribuir para o desenvolvimento de transtornos alimentares e psicológicos.
“Muitos pacientes chegam ao consultório com essa demanda de ter dificuldade de lidar com as ditas falhas do próprio corpo e essa autocobrança pela perfeição que acaba gerando muito sofrimento, até porque esta é uma busca inalcançável se levarmos em consideração o padrão imposto por terceiros. Essa própria questão em aprender a lidar com as falhas e a percepção de cada um com a tão chamada “perfeição”, tem muito a ver com a história de vida de cada sujeito”, afirma Niliane Brito.
Alta, baixa, gorda, magra, pele perfeita ou com espinhas. A cobrança pelo corpo “perfeito” tem se intensificado com o acesso frequente da população nas mídias sociais, onde pessoas mostram um modelo de vida ideal e imaginário. O mundo criado dentro das redes de relacionamento mostra uma vida “perfeita” e põe em cheque o que é aceito pela sociedade e o que não é e, esta autocobrança é desencadeada pela falta da autoaceitação.
A baixa autoestima pode desencadear diversos transtornos nas pessoas, principalmente nas que travam uma luta com relação à autoaceitação. O padrão corporal “comum” visto nas redes sociais, faz com que pessoas busquem cada vez mais se parecer com as outras, muitas vezes, em busca de agradar a outros e se sentir parte de um grupo que parece seleto.
Existem pessoas com dificuldade em aceitar o próprio corpo e isso pode torná-las vulneráveis. Segundo a especialista, cada pessoa vive uma situação e precisa de um atendimento adequado específico.
“São casos que precisam de uma investigação mais aprofundada, vários fatores influenciam (sociedade, família, mídia) para que algumas pessoas apresentem esse tipo de comportamento”, disse a psicóloga.
Ainda de acordo com a especialista, a dificuldade em se aceitar pode desencadear problemas e se transformar em algo mais sério e prejudicial ao ser humano.
“A obsessão por si só é uma questão a ser trabalhada no indivíduo e ela pode trazer uma série de síndromes e patologias que precisam ser tratadas na psicoterapia, com acompanhamento psicológico e, dependendo do caso, com acompanhamento psiquiátrico também”, acrescentou Niliane.
Procurar por atendimento adequado é importante para poder compreender a história da pessoa e o que está por trás, para assim proceder com o tratamento, indicou a psicóloga.
“É importante buscar o equilíbrio e saber o que é seu e o que é do outro. Quais dessas exigências são minhas? Quais são dos outros? É necessário se questionar em relação a estes aspectos e, nesse momento, é muito importante o processo terapêutico”, conclui a psicóloga.